( UM POEMA DE ESPERA) CARMELITA LIMA DE GÓIS- * 20/ 05/ 1917- + 05/ 03/ 1993.
Na quietude d’aquela noite densa,
Reclamei numa saudade a presença
De minha mãe, que há pouco tempo já morreu!...
Sorumbático e só, fiquei na sala,
Sem ouvir de ninguém uma só fala
Todos dormiam entregues a Morfeu.
Continuei sozinho na vigília,
Contemplando a placidez da mobília,
Num silêncio quase que perfeito,
Quebrando apenas com o gemer da rede,
As pancadas do relógio na parede
E o pulsar do coração dentro do peito.
De repente coberta com um véu,
Uma nuvem descia lá do céu,
Na sala onde eu estava, cai...
Dissipa-se a nuvem, lentamente
E vai surgindo a imagem de minha mãe.
Boa noite, meu filho! E se assusta?
Tenha mais um pouco de calma, porque custa
Novamente voltar por esse trilho:
Eu rompi os umbrais da eternidade
Para em a braços de amor e de saudade,
Conversar com você, querido filho!
Tenho assistido todos os seus passos,
Suas lutas vitórias e fracassos,
Em ânsias que não posso mais conte-las,
Eu lhe assisto, meu filho, todos os dias,
Em suas vitórias choro de alegria
E as lágrimas transformam-se em estrelas.
Tenho visto também seus sofrimentos,
Suas angústias, dores e tormentos
Esperanças que já foram já frustadas,
Tenho visto, meu filho, da eternidade,
O desencanto de sua mocidade
E o pranto de suas madrugadas.
Continui no trabalho a que se entrega
Sem temer obstáculo nem refrega,
Pois com a vitória sempre você vai,
E se assim fizer, querido filho,
Sua vida há de ser toda de brilho,
E honrará o nome de seus pais.
E nisso a nuvem comoventemente
Aos poucos se junta novamente,
Envolvendo minha mãe num denso véu,
E num olhar meigo e bem sereno,
Dirige para mim um triste aceno
E vai de novo subindo para o céu!
Eu fiquei chorando de saudade,
Alimentando aquela ansiedade,
Sem poder abranda-la. Que castigo!
Por isso nunca mais dormi. Vivo na ânsia,
Esperando que minha mãe rompa a distância,
Pra vir de novo conversar comigo.
A Carmelita Lima de Góis, minha doce mãe,
Cujas virtudes fizeram o que sou, a homenagem do filho
Em dedicatória impossível do que já é seu.
Roberto Lima de Góis- 11/ 02/ 2005.
SAUDADE
SAUDADE É DOR QUE MALTRATA
SEM REMÉDIO QUE DÊ JEITO.
SAUDADE É DOR QUE NÃO MATA
MAS DEIXA MARCAS NO PEITO.
Por Roberto Lima de Góis.
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