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sexta-feira, 13 de abril de 2012

CONVERSANDO COM MINHA MÃE ...



                       
 (  UM  POEMA  DE  ESPERA)  CARMELITA  LIMA  DE  GÓIS- * 20/ 05/ 1917- + 05/ 03/ 1993.

Na quietude d’aquela noite densa,
Reclamei numa saudade a presença                                                            
                                                                                                      
De minha mãe, que há pouco tempo já morreu!...                     
Sorumbático e só, fiquei na sala,
Sem ouvir de ninguém uma só fala                                                           
Todos dormiam entregues a Morfeu.

Continuei sozinho na vigília,
Contemplando a placidez da mobília,
Num silêncio quase que perfeito,
Quebrando apenas com o gemer da rede,
As pancadas do relógio na parede
E o pulsar do coração dentro do peito.

De repente coberta com um véu,
Uma nuvem descia lá do céu,
Na sala onde eu estava, cai...
Dissipa-se a nuvem, lentamente
E vai surgindo a imagem de minha mãe.
Boa noite, meu filho! E se assusta?
Tenha mais um pouco de calma, porque custa
Novamente voltar por esse trilho:
Eu rompi os umbrais da eternidade
Para em a braços de amor e de saudade,
Conversar com você, querido filho!
Tenho assistido todos os seus passos,
Suas lutas vitórias e fracassos,
Em ânsias que não posso mais conte-las,
Eu lhe assisto, meu filho, todos os dias,
Em suas vitórias choro de alegria
E as lágrimas transformam-se em estrelas.

Tenho visto também seus sofrimentos,
Suas angústias, dores e tormentos
Esperanças que já foram já frustadas,
Tenho visto, meu filho, da eternidade,
O desencanto de sua mocidade
E o pranto de suas madrugadas.

Continui no trabalho a que se entrega
Sem temer obstáculo nem refrega,
Pois com a vitória sempre você vai,
E se assim fizer, querido filho,
Sua vida há de ser toda de brilho,
E honrará o nome de seus pais.

E nisso a nuvem comoventemente
Aos poucos se junta novamente,
Envolvendo minha mãe num denso véu,
E num olhar meigo e bem sereno,
Dirige para mim um triste aceno
E vai de novo subindo para o céu!

Eu fiquei chorando de saudade,
Alimentando aquela ansiedade,
Sem poder abranda-la. Que castigo!
Por isso nunca mais dormi. Vivo na ânsia,
Esperando que minha mãe rompa a distância,
Pra vir de novo conversar comigo.

A Carmelita Lima de Góis, minha doce mãe,
Cujas virtudes fizeram o que sou, a homenagem do filho
Em dedicatória impossível do que já é seu.
Roberto Lima de Góis- 11/ 02/ 2005.

            SAUDADE

SAUDADE É DOR QUE  MALTRATA
SEM  REMÉDIO  QUE    JEITO.
SAUDADE   É  DOR  QUE  NÃO  MATA
MAS  DEIXA  MARCAS  NO  PEITO.

Por Roberto Lima de Góis.

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